Estudo de caso:
G., 7 anos com diagnóstico de Asperger
e TDAH.
Ao questioná-lo sobre qual seria
a brincadeira de hoje, G. escolheu “andar de barco”, onde o barco seria o
equipamento suspenso da Integração Sensorial.
Juntos planejamos o que faríamos
para enriquecer a brincadeira. Só andar de barco? O que você vai fazer andando
de barco?
E então combinamos que G. seria
um pescador que teria de pescar os peixes (objetos deixados no chão) e
colocá-los em um “balde”.
Para realizar esta atividade que
parece simples, precisamos trabalhar com muitas habilidades, e para citar
algumas: dominar e manter a posição corporal, planejar a ação e a sequência para
se chegar ao objetivo (praxia), manter o foco e a atenção, cruzar a linha
média. Habilidades estas que para G. no dia a dia são difíceis, o que faz com
que ele pareça uma criança “desastrada”, “desorganizada”, “desatento” e não
consiga planejar as sequências das atividades que precisa realizar.
Após o término da “pescaria”,
onde utilizei estratégias mediando a atividade para aumentar o alerta e atenção
da criança, além do tônus, pois apesar da hiperatividade, G. apresenta uma
hipotonia a ser trabalhada, passamos a realizar atividades verticais: propus que G., sentado em uma cadeira desenhasse na
lousa os peixes que havia pescado e enumerasse cada um deles.
Eis que surge uma nova
dificuldade: a escrita espelhada.
No caso de G., é justificável que
ele espelhe algumas letras ou números (no caso da atividade números), pois pode
estar relacionado ao défict de atenção, à dificuldade na bilateralidade e
motricidade, à apraxia.
Assim sendo utilizei a abordagem tátil
– cinestésica ou proprioceptiva para que G. pudesse “sentir” o movimento que
deveria ser realizado.
Andar sobre o número:
Desenhar o número com o dedo na
bacia de feijão:
Por meio deste relato, podemos ver a terapia ocupacional em sua essência: a atividade humana, atividade direcionada à função.
Após este trabalho cinestésico, voltamos à lousa para a atividade de escrita no plano vertical:
Utilizando-se do objeto concreto para se chegar ao abstrato.
Do próprio corpo e das vivências para a execução de tarefas.
Por Camila Mesquita Soares - Terapeuta Ocupacional
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